O Fórum Dentes de Leão decorre nos dias 21 e 22 de janeiro na Culturgest, em Lisboa. É este o momento oportuno para dar visibilidade aos diversos resultados do projeto: resultados educativos, artísticos e sociais. No Fórum serão apresentadas publicamente as criações artísticas que foram desenvolvidas ao longo de todo o projeto nos diferentes territórios. Este é também um momento de grande emotividade e relevância social: é o último momento de intercâmbio de todos os jovens participantes. Essa oportunidade de reunião suscitará inevitavelmente reflexões críticas sobre os contributos para os projetos e para o percurso individual de cada um. Alguns desses momentos de reflexão estarão também abertos ao público.
Conferência internacional — Entrada livre sujeita a inscrição
Projetos artísticos — Entrada Livre sujeita à lotação da sala
© Nuno Direitinho
Foram tornados públicos alguns dos resultados da investigação participante levada a cabo pelos parceiros académicos (OsloMet, IHA e ICNova) através de um seminário público no qual convidados nacionais e internacionais discutirão algumas das problemáticas dos processos e das práticas artísticas participativas.
M/12 | Organização: Bruno Marques (IHA/NOVA FCSH), Cláudia Madeira (ICNOVA/ NOVA FCSH), Cristina Pratas Cruzeiro (IHA/NOVA FCSH)
14h30 * abertura
Raquel Ribeiro dos Santos, Mariana Mata Passos
14h50
CULTURAS-EM-COMUM COMO PRÁTICA PARTICIPATIVA
— Pascal Gielen (BE)
As instituições culturais sempre desempenharam um papel de relevo enquanto mediadoras entre o passado e o presente. Desde o século XIX que vêm construindo uma biografia monocultural do estado-nação. A partir dos anos 1970, vêm prestando mais atenção à sociedade multicultural e às suas diferentes formas de expressão artística. No entanto, ambas as tendências, “monoculturalismo” e multiculturalismo, defendem o mesmo valor eurocêntrico do individualismo. Na sua palestra, o sociólogo Pascal Gielen procura analisar a forma como funcionam os dois filtros culturais e, depois, atenta no modo como as novas organizações culturais respondem a esta questão hoje em dia. As chamadas constituições de arte que cria bens comuns empregam procedimentos constitucionais e dos bens comuns de forma a fazer realmente justiça à expressão artística e às culturas do Outro.
Pascal Gielen é escritor e professor titular de Sociologia da Cultura e Política no Antwerp Research Institute for the Arts (ARIA), na Universidade da Antuérpia, onde lidera o grupo de pesquisa Culture Commons Quest Office (CCQO). Gielen é editor da série internacional de livros Antennae – Arts in Society (Valiz). Em 2016, foi laureado com a bolsa Odysseus Grant pela excelência da sua investigação no âmbito do Fundo para a Pesquisa Científica da Flandres (Fonds Wetenschappelijk Onderzoek – Vlaanderen). Em 2022 foi nomeado pelo Governo Flamengo como curador do Culture Talks. Gielen publicou inúmeros livros sobre arte, cultura, política cultural, bens comuns e ação civil.
15h20
Debate aberto ao público
Moderação: Cristina Pratas Cruzeiro, Cláudia Madeira, Bruno Marques
15h50
SINGULARIDADE E PARTILHA NA PRÁTICA ARTÍSTICA PARTICIPATIVA
— Rui Telmo Gomes (PT)
É frequente, em projetos artísticos participativos, a utilização / recriação das experiências e trajetórias de vida dos artistas não-profissionais participantes. A (auto-)biografia é um recurso expressivo potente que joga simultaneamente com a singularidade de cada indivíduo e com o efeito de reconhecimento (desconhecimento) de experiências semelhantes vividas (ou não) por quem vê.
A co-criação por profissionais e não-profissionais de linguagens estéticas partilhadas – escapando a riscos de paternalismo e exotização ¬– depende da regularidade da prática artística para além de projetos episódicos de curta duração e do envolvimento da comunidade (agentes coletivos e institucionais).
É justamente a partir desse envolvimento comunitário que a singularidade artística de projetos participativo constrói significado político.
Rui Telmo Gomes é doutorado em Sociologia (2013, ISCTE-IUL) e investigador integrado do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE). Desenvolve investigação nos domínios da sociologia da arte e cultura e das culturas juvenis, privilegiando temas como: arte comunitária e associativismo juvenil; processos artísticos participativos; cenas musicais underground; profissões artísticas e do setor criativo: políticas culturais para as artes.
16h20
Debate aberto ao público
Moderação: Cláudia Madeira, Cristina Pratas Cruzeiro e Bruno Marques
16h50 * coffeebreak
17h20
PODER E REBELIÃO NO CONTEXTO DAS PRÁTICAS PARTICIPATIVAS
— Dagny Stuedahl (NO)
Participar não é fácil, mas tornou-se de tal modo essencial no mundo ocidental contemporâneo que nos leva a refletir sobre o que significa realmente pedir que se participe e por que razão se tornou a participação tão essencial. Claro que o aparecimento das redes sociais preconizou um entendimento diferente de cidadania e do papel do debate público e, ultimamente, também nos deu exemplos de como as redes sociais sustentam não apenas a cidadania educada e os debates agradáveis, mas também os mais sombrios. No entanto, este desenvolvimento na esfera das redes sociais, que entraram nas nossas vidas, continua a não explicar porque é que, em múltiplos domínios, como o desenvolvimento urbano, o desenvolvimento dos cuidados de saúde, as políticas municipais e locais ou os projetos artísticos, se encara a participação como o método e o objetivo adequados para o nosso tempo. Em muitos destes projetos, a participação é definida – quando é definida – sobretudo do ponto de vista dos organizadores ou da posição dos que dão início ao projeto.
Isto quando a participação em causa tem de ser levada a cabo pelas pessoas no terreno: os que efetivamente já participam na dinâmica social e cultural da sua própria vida quotidiana, os que criam estratégias diariamente para lidar com os desafios e limitações causados por esta participação e os que, por vezes, criam coletivos com os seus pares, para terem mais força. Para terem uma voz mais forte, participando no coletivo.
Dagny Stuedahl é pesquisadora senior da InterMedia, Faculdade de Educação da Universidade de Oslo e professora da Norwegian University of Life Science. A sua formação base é em Etnologia. Na última década tem trabalhado em pesquisas no âmbito da participação digital em museus. Trabalha com pesquisa colaborativa, co-design e design participativo em museus, centros de ciência e património. As suas principais publicações são na área do co-design e das redes sociais como recurso para envolver comunidades e jovens na inovação em museus. Está atualmente envolvida no projeto EXPAND com foco em design e interação em centros de ciências. Lidera o Nordic Network Culture Kick focado na forma como o design pode funcionar enquanto ponte na triangulação de conhecimento entre pesquisa, inovação e educação. O seu foco atual de investigação está no estudo da forma como os processos e dinâmicas socioculturais podem ser inscritos em métodos de participação e co-design no campo do património.
17h50
Debate aberto ao público
Moderação: Bruno Marques, Cláudia Madeira, Cristina Pratas Cruzeiro
18h20 ✱ projeção vídeo sobre o projeto Dentes de Leão
18h35
DENTES DE LEÃO: DO PROJECTO À(S) PARTICIPAÇÃO(ÇÕES)
— Cláudia Madeira(ICNOVA/NOVA FCSH), Cristina Pratas Cruzeiro(IHA/NOVA FCSH), Bruno Marques(IHA/NOVA FCSH (PT)
Esta comunicação pretende incidir sobre o Projeto Dentes de Leão a partir de três eixos. O primeiro eixo procura fazer uma problematização do conceito de participação e das diferentes abordagens do mesmo no contexto da prática artística. Após a análise dos projetos artísticos desenvolvidos, o segundo eixo aborda questões relacionadas com estratégias de programação. Por fim, o terceiro eixo da comunicação incide nas relações de mediação, atendendo aos diferentes papéis e agentes envolvidos.
Cláudia Madeira é Professora auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora integrada no Instituto de Comunicação da Nova (ICNOVA), onde é vice-coordenadora da linha de investigação Performance & Cognição. Realizou um pós-doutoramento com uma tese intitulada Arte Social. Arte Performativa? (2009-2012) e doutoramento em Sociologia sobre Hibridismo nas Artes Performativas em Portugal (2007) no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É autora dos livros Arte da Performance Made in Portugal (ICNOVA, 2020), Híbrido. Do Mito ao Paradigma Invasor? (Mundos Sociais, 2010) e Novos Notáveis: Os Programadores Culturais (Celta, 2002). Escreveu vários artigos sobre novas formas de hibridismo, performance e performatividade e participação nas artes. Leciona no Departamento de Ciências da Comunicação na NOVA FCSH, dando aulas de “Teorias do Drama e do Espectáculo” na licenciatura e “Metamorfoses do Espetáculo” e “Programação de Artes Cénicas” nos mestrados de Artes Cénicas e Ciências da Comunicação – especialidade de Comunicação e Artes.
Cristina Pratas Cruzeiro é Investigadora Auxiliar no Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. Concluiu o Doutoramento em 2014 na Especialidade de Ciências da Arte (Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa) e entre 2017 e 2022 desenvolveu o projecto de Pós-Doutoramento intitulado Colaboração e Colisão: Intervenção pública e política da arte, no Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. O Doutoramento e o Pós-Doutoramento foram financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). A sua investigação centra-se na relação das práticas artísticas com a sociedade em diferentes perspectivas, com especial enfoque para a articulação com a política.
Bruno Marques é Investigador contratado no Instituto de História da Arte da NOVA FCSH. Professor Auxiliar Convidado na NOVA FSCH (2016-2022). Autor dos livros Cartas fora do Baralho: os retratos imaginados de Costa Pinheiro (2020) e Mulheres do Século XVIII. Os Retratos (2006). Coordenou os volumes Sobre Julião Sarmento (2012) e Arte & Erotismo (2012). Assinou vários artigos em revistas académicas internacionais. Atualmente, é investigador principal do projeto Confissões de género. Autorretratos de artistas e escritoras portuguesas no pós-25 de Abril. A sua investigação explora tópicos como os das políticas da identidade, retrato e auto-representação na arte contemporânea numa perspetiva feminista, queer e pós-colonial.
19h05
Debate aberto ao público
19h30 * Encerramento
© Margarida Basto
© Nuno Direitinho
Pareidolia foi concebido a partir de um exercício coletivo de escrita criativa com jovens dos territórios do Sardoal, Lisboa e Évora, com o intuito de captar os múltiplos reflexos que um lugar tem na construção individual de cada pessoa. Propõe um jogo de leitura criativa de imagens através da palavra e do movimento, recorrendo à partilha da intuição, referências, experiências e conhecimentos individuais das pessoas que leem e interpretam.
Linha de Terra convida à germinação de possibilidades de nos religarmos à natureza. Resulta da soma de várias ações artísticas e criativas que tiveram lugar ao longo do projeto Dentes de Leão. Dos cuidados com a germinação das sementes de laranjeira do Sardoal aos cuidados com a germinação das ideias dos jovens, a peça conjuga e reinterpreta códigos sociais tão díspares quanto o convívio em torno da mesa ou a leitura das linhas da mão. Convoca, em idêntica medida, a participação das comunidades humanas e de alguns dos recursos naturais presentes ao longo do processo de criação.
em espera começou com um processo coletivo de recolha de sons dos territórios de Évora, Lisboa e Sardoal. Concretiza-se sob a forma de uma cabine telefónica onde cada um pode criar paisagens sonoras a partir dos sons disponíveis. É um convite à descoberta através do estímulo sonoro que procura dar relevância e visibilidade aos sítios onde o projeto se desenvolveu tornando presente aquilo que habitualmente não se vê.
Dentes de Leitão é uma plataforma de Artes Individuais que seleciona e promove artistas individualistas, com valores transcendentalistas, consagrados ou em início de carreira. Centra-se no pensamento e discussão sobre o papel da Arte na Sociedade de Rebanho. Inicialmente criado exclusivamente para artistas da Bairrada, este projeto abre-se agora além-fronteiras e convoca artistas nacionais e internacionais dedicados aos temas contemporâneos e em voga no seio das Artes Individuais.
Oferta é um conjunto de esculturas elaboradas com recurso a materiais naturais reutilizados. Disso são exemplo a utilização de sobras da extração de pedra mármore do Alentejo e madeiras, como a de sobreiro, encontradas no Sardoal. Propõe-se como superfície de dádiva, ou de troca, de objetos e gestos convocando, nessa interação, a nossa atenção para a negociação implícita no ato de atribuir valor e capital simbólico aos objetos.
15h00 * Sala 6
PAREIDOLIA
M/12 | 45 pax. | 120 min.
inclui conversa sobre o projeto
19h30 * Pequeno Auditório
LINHA DE TERRA
M/6 | 15 pax | 90 min.
19h30 * Sala 1
EM ESPERA
Dinâmica sobre o processo de criação da peça
M/6 | 30 pax | 45 min. | a instalação está também disponível
das 11h às 19h para um visitante de cada vez
Vários Espaços Culturgest
DENTES DE LEITÃO
Ao longo do dia, o projeto Dentes de Leitão surge de forma espontânea, em diferentes espaços da Culturgest
11h00 * Foyer Pequeno Auditório
OFERTA
Dinâmica sobre o processo de criação da peça
M/6 | 45 pax | 45 min. | disponível nos dias 21 e 22 de janeiro
11h00 * Sala 6
PAREIDOLIA
M/12 | 45 pax. | 120 min.
inclui conversa sobre o projeto
15h00 * Sala 1
EM ESPERA
Atividade para crianças acompanhadas por adultos
M/6 | 30 pax | 60 min. | a instalação está também disponível
das 11h às 19h para um visitante de cada vez
16h00 * Pequeno Auditório
LINHA DE TERRA
M/6 | 15 pax | 120 min.
Uma publicação com o resultado da investigação participante do projeto Dentes de Leão está disponível para download gratuito, aqui.
© DENTES DE LEÃO