Fui selecionada para este projeto como artista. No pensamento artístico, o tempo é um ingrediente essencial. Num projeto participativo, aprendi, ainda mais o é. Ao longo deste ano, compreendi como é importante que esse tempo seja dado ao diálogo. Participar começa quando nos conhecemos, quando percebemos o que nos trouxe até aqui e o que podemos e queremos construir em conjunto. Passar tempo a conversar nunca é tempo perdido, mas o momento de construção de uma comunidade efémera. Nela, senti-me uma peça de um puzzle complexo, onde o encaixe não é determinado por uma forma, mas por uma relação. Naturalmente, este projeto teceu uma rede de relações que não existiam à partida e que se foram encaixando pelo tempo, pela sua falta e pelo seu cumprimento. Não sei se essas relações têm nomes fixos, como “artista” ou “jovem”, mas com o vocabulário possível, individual+coletivo, envolvi-me no tangram da participação.