Este projeto ocupou cerca de três anos da minha vida profissional. O tempo longo, intempestivo, com algumas intermitências e muitas exigências, permitiu-me traçar vários autorretratos e rever-me em alguns dos retratos que me pintaram. No Dentes de Leão, fui e fiz muitas coisas diferentes, vesti várias camisolas e diversas fardas de trabalho. Fui lexicógrafa e procurei descobrir o significado das palavras emprestadas ao texto da candidatura, na tentativa de elaborar um glossário comum para uma ação a muitas vozes. Fui aprendiz de topógrafa e, fazendo uso de mira falante, estacas e testemunhos, e de um pequeno teodolito, dediquei-me a fazer leituras angulares verticais e horizontais ao campo da participação. Procurei, com o meu trabalho, representar o melhor possível o relevo dos territórios pessoais e transmissíveis, as curvas de nível da comunicação entre expectativas e ações, e adequar as escalas do desenho às plantas transitórias, voadoras e silvestres que são os dentes-de-leão.